quarta-feira, 4 de junho de 2008

Anatomia da raiva!




Digamos que alguém lhe dá uma fechada perigosa na estrada. Se seu pensamento reflexo é “Que filho da P...”, ele irá influenciar bastante na trajetória da raiva, se for acompanhado de outros de indignação e vingança: “Podia ter causado uma batida! Sacana! --- Mas isso não vai ficar assim!”. Os nós dos dedos ficam brancos de tanto você apertar o volante, um substituto do pescoço de quem lhe fechou. O corpo imobiliza-se para lutar, não para fugir --- você fica trêmulo, gotas de suor correm pela testa, o coração dispara, os músculos faciais travam-se e você fica com uma cara muito feia. Você quer matar o cara. Então, se o carro que está atrás buzina porque você reduziu a velocidade após a quase batida, você pode explodir de raiva contra o motorista também. É assim que se formam a hipertensão, a direção perigosa e até os tiroteios nas ruas.
Compare essa seqüência de acumulação de raiva com uma outra linha mais caridosa de pensamento em relação ao motorista que o fechou: “Talvez não tenha me visto, talvez tenha um bom motivo para agir desta maneira tão descuidada, talvez seja uma emergência médica.”. Essa linha de possibilidades tempera a raiva com piedade, ou pelo menos com uma mente aberta, impedindo que a emoção cresça.
A cadeia de pensamentos furiosos que alimentam a raiva é também, potencialmente, a chave para uma das mais poderosas maneiras de desarmá-la: de cara, minar as convicções que a abastecem. Quanto mais ruminamos sobre o que nos deixou com raiva, mais “bons motivos” e justificativas podemos inventar para ficarmos com raiva. A ruminação alimenta as chamas da raiva. Ver as coisas de forma diferente extingue essas chamas.
Dar vazão à raiva é uma das piores maneiras de esfriar: as explosões de raiva geralmente inflam o estímulo do cérebro, deixando as pessoas com mais raiva ainda. Quando as pessoas falam das vezes em que haviam descontado sua raiva na pessoa que a provocara, o verdadeiro efeito era mais um prolongamento do estado de espírito que o seu fim. Muito mais efetivo é quando as pessoas primeiro esfriam e, depois, de uma maneira mais construtiva ou assertiva, enfrentam a outra pessoa para acertar a desavença.

Como disse um mestre indiano:

--- Não a elimine. Mas não aja com base nela.

Fonte: Trechos do livro “Inteligência Emocional” de Daniel Goleman.

2 comentários:

Anônimo disse...

A raiva é um continuum da agressividade, necessária para a proteção. Acontece que sentimentos fortes podem ser mal interpretados, dependendo do estado mental do sujeito, e também do seu padrão de pensamentos.
Conhecer a sua própria raiva, o que causa esta raiva, e quais as conseqüências desta é o pulo do gato, já que muitas vezes canalizamos este sentimento, de uma determinada frustração, para uma situação neutra, da qual outras pessoas sairiam menos (ou nada) irritadas.
A qualidade de vida passa por aí, pela percepção das próprias idéias, motivações. Só assim poderemos nos gabar por rirmos sempre, quenem os lamas e monges budistas: os mestres da felicidade!

Anônimo disse...

A raiva é um continuum da agressividade, necessária para a proteção. Acontece que sentimentos fortes podem ser mal interpretados, dependendo do estado mental do sujeito, e também do seu padrão de pensamentos.
Conhecer a sua própria raiva, o que causa esta raiva, e quais as conseqüências desta é o pulo do gato, já que muitas vezes canalizamos este sentimento, de uma determinada frustração, para uma situação neutra, da qual outras pessoas sairiam menos (ou nada) irritadas.
A qualidade de vida passa por aí, pela percepção das próprias idéias, motivações. Só assim poderemos nos gabar por rirmos sempre, quenem os lamas e monges budistas: os mestres da felicidade!