domingo, 26 de julho de 2009

Insideway participa do Seminário Nacional de Orientadores da Rede Pescar

Fabiano Raupp, Luciana Winck e Magnus Ghisleni participam da palestra de abertura do Seminário Nacional de Orientadores da Rede Pescar no dia 14 de julho de 2009, com o tema "A Liderança Emocional da Rede Pescar".

No dia 15 de julho, Aldo Casagrande e a equipe Insideway, conduzem uma atividade denominada "Vivências que nos fortalecem", apresentando aos quase 120 orientadores, as Danças Circulares e as relações com as suas atividades diárias dentro das organizações e na liderança dos jovens da Rede Pescar.
Foram momentos de muita energia e troca de experiências!

http://www.projetopescar.org.br/

domingo, 12 de julho de 2009

TRIPALIUM x POIESIS


“A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra”
Mário Sérgio Cortella

TRABALHO (etimológico) =tem origem no vocábulo latino tripalium, q um instrumento de tortura formado por três paus entrecruzados para serem colocados no pescoço de alguém e nele produzir desconforto. A sociedade ocidental tem origem no mundo greco-romano, que cresceu a partir do trabalho escravo. Em sociedades assim, a idéia de trabalho remete à escravidão. A partir destes dados históricos podemos imaginar porque o trabalho, em geral, acaba associado a coisa menor, indecente, imoral ou de gente que está sendo punida. Na época medieval, a relação social acontecia entre senhores e servos. A idéia de trabalho associava-se, então, à de servidão. Fora da Europa, os mundos colonialistas prosseguiam com a idéia de escravidão no trabalho. No mundo ocidental no Brasil ou nos Estados Unidos, a lógica construída centrava-se na exploração de uns sobre os outros.
Segundo CORTELLA, “o mundo medieval que terá Deus no centro, especialmente na Europa, (...) vai colocar a idéia de que é bom ser o senhor; o servo está sempre na posição de submissão. O mundo capitalista vai introduzir outra relação, diferente daquela de senhor e escravo ou servo e suserano. Esta relação, bem trabalhada pelo pensador alemão Karl Marx, será entre patrão e empregado. A escravatura não vai acontecer nesse mundo europeu, mas sim na América e na África. O Brasil ate hoje não se recuperou da formação escravagista. Nós ainda consideramos o trabalho manual como tarefa de inferiores.Quer ver um exemplo? Você diz para o seu filho ou filha: ‘Você não está estudando? Sabe o que você vai ser na vida? Você não vai ser ninguém, vai ser faxineiro.’ O trabalho manual como castigo, o trabalho que estafa, vai aparecer fortemente no mundo ocidental como uma decorrência moral dos que não tem misericórdia.” (2008, pág. 19/20)
A idéia de trabalho como continuidade da obra divina, ou seja, como algo dignificante por si só, nasce do mundo protestante luterano e calvinista do século XVI. O trabalho para acumular e guardar, neste sentido, será extremamente valorizado. A ética apresentada por Max Weber diferencia os modos de organização da sociedade no Ocidente entre as de origem protestante e as de origem católica.
A idéia do trabalho como castigo persiste, o que é percebido em afirmações como “quando eu me aposentar poderei parar d etrabalhar e aproveitar a vida” ou, ainda, “quando eu parar de trabalhar poderei fazer isso, isso e isso...”. O que não percebemos é que parar de trabalhar não pararemos nunca, pois nossa OBRA nunca deixará de ser feita até que deixemos este mundo. “Seja sua obra aquela que você faz para continuar existindo, seja para ter o seu reconhecimento. Eu me vejo naquilo que faço, não naquilo que penso.” (2008, pág. 20)
Na verdade, trabalho, etimologicamente, vem do latim na palavra labor. O vocábulo tripalium apareceu como uma forma vulgar do latim, a partir da idéia impressa de castigo. Porém, é possível substituir esta por outra idéia do mundo grego a qual eles atribuíam à palavra poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, crio a mim mesmo na medida em que crio o mundo. Podemos ver a um filho, a um jardim, a uma peça de artesanato como nossas obras. O projeto que fazemos no trabalho pode, e deveria, ser considerado nossa obra. O lado contrário desta consciência seria o que Carl Marx chamou de alienação, ou seja, todas as vezes que eu olho o que fiz côo não sendo eu ou não me pertencendo, eu me alieno. Fico alheio. Portanto, eu não tenho reconhecimento. (Cortella, 2008, pág. 21) Esse é um dos traumas do trabalho que percebemos nas empresas em geral no mundo atual.
É preciso reconhecer-se e ser reconhecido através daquilo que você faz, ou sua vida, sua identidade e seus sonhos não serão seus, não identificarão você como pessoa. E, neste sentido, a idéia, o sentimento, a percepção de fracasso é iminente a suas tarefas cotidianas.
Se considerarmos a política de qualidade que a maioria das empresas conscientes buscam hoje, deveremos pensar em exercer, igualmente, uma ação que não seja alienada e sim comprometida. “Trabalhar cansa, mas não necessariamente precisa gerar estresse. Isso tem a ver com resultado, trabalho tem sempre a ver com resultado.” (Cortella, 2008, pág. 21)
A idéia principal desta reflexão tem relação com uma palavra: OBRA. E, para que cada um de nós faça sua obra é necessário estar comprometido com o que faz. E para estar comprometido com o que se realiza, é necessário estar em constante formação, não apenas de técnicas, mas principalmente de idéias e atitudes.
Estas afirmações tem relação com uma verdade: “reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança.” (Cortella, 2008, pág. 28) Afirma este filósofo que a melhor coisa que qualquer um de nós tem a fazer, quando quer mostrar-se inteligente, é saber que não sabe. E o que isto significa? Que somente as pessoas que arriscam a aprender constantemente estão capacitadas a evoluir. Não confundir aqui as que se arriscam com negligência, desatenção e descuido, mas sim aquelas que procuram fazer para descobrir, mesmo que com isto precisem errar. Pois “o fracasso não acontece quando se erra, mas quando se desiste face ao erro.” (Cortella, 2008, pág. 29)
O que se atribui à formação continuada hoje é fruto de uma possibilidade de “dar vida” às ações, às competências, às habilidades, ao perfil das pessoas. Também se destaca a formação da sensibilidade, um ponto central atualmente no mundo do trabalho, que pode ser desenvolvida através de atividades que envolvam a sensibilidade estética no campo da música, da poesia, das artes plásticas, visando que as pessoas que atuam nas empresas tenham grande prazer pela estrutura de conhecimento em seus múltiplos níveis. Isto garante que a formação humana seja mais global, ou holística como se afirma nas tecnologias de gestão de pessoas, pois somente a realização de cursos técnicos e diversas horas de treinamento não garantem que a empresa vá estar muito bem preparada. É preciso ser sensível e enxergar a aplicabilidade das coisas, ou seja, integrar conceitos para tomar atitudes mais eficientes e de excelência profissional. Hoje em dia precisamos focar nossa formação como multiespecialistas, ou seja, preciso estar sempre pronto a aprender. Preciso “aprender a aprender” (John Dewey).

Nosso conhecimento precisa ter eficiência e não apenas ser eficiente ao ser utilizado nas tarefas do dia a dia. Pense nisto! E tenha uma boa poiesis em sua vida!

sábado, 4 de julho de 2009

TRIPALIUM x POIESIS
“A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra”
Mário Sérgio Cortella

TRABALHO (etimológico) =tem origem no vocábulo latino tripalium, q um instrumento de tortura formado por três paus entrecruzados para serem colocados no pescoço de alguém e nele produzir desconforto. A sociedade ocidental tem origem no mundo greco-romano, que cresceu a partir do trabalho escravo. Em sociedades assim, a idéia de trabalho remete à escravidão. A partir destes dados históricos podemos imaginar porque o trabalho, em geral, acaba associado a coisa menor, indecente, imoral ou de gente que está sendo punida. Na época medieval, a relação social acontecia entre senhores e servos. A idéia de trabalho associava-se, então, à de servidão. Fora da Europa, os mundos colonialistas prosseguiam com a idéia de escravidão no trabalho. No mundo ocidental no Brasil ou nos Estados Unidos, a lógica construída centrava-se na exploração de uns sobre os outros.
Segundo CORTELLA, “o mundo medieval que terá Deus no centro, especialmente na Europa, (...) vai colocar a idéia de que é bom ser o senhor; o servo está sempre na posição de submissão. O mundo capitalista vai introduzir outra relação, diferente daquela de senhor e escravo ou servo e suserano. Esta relação, bem trabalhada pelo pensador alemão Karl Marx, será entre patrão e empregado. A escravatura não vai acontecer nesse mundo europeu, mas sim na América e na África. O Brasil ate hoje não se recuperou da formação escravagista. Nós ainda consideramos o trabalho manual como tarefa de inferiores.Quer ver um exemplo? Você diz para o seu filho ou filha: ‘Você não está estudando? Sabe o que você vai ser na vida? Você não vai ser ninguém, vai ser faxineiro.’ O trabalho manual como castigo, o trabalho que estafa, vai aparecer fortemente no mundo ocidental como uma decorrência moral dos que não tem misericórdia.” (2008, pág. 19/20)
A idéia de trabalho como continuidade da obra divina, ou seja, como algo dignificante por si só, nasce do mundo protestante luterano e calvinista do século XVI. O trabalho para acumular e guardar, neste sentido, será extremamente valorizado. A ética apresentada por Max Weber diferencia os modos de organização da sociedade no Ocidente entre as de origem protestante e as de origem católica.
A idéia do trabalho como castigo persiste, o que é percebido em afirmações como “quando eu me aposentar poderei parar d etrabalhar e aproveitar a vida” ou, ainda, “quando eu parar de trabalhar poderei fazer isso, isso e isso...”. O que não percebemos é que parar de trabalhar não pararemos nunca, pois nossa OBRA nunca deixará de ser feita até que deixemos este mundo. “Seja sua obra aquela que você faz para continuar existindo, seja para ter o seu reconhecimento. Eu me vejo naquilo que faço, não naquilo que penso.” (2008, pág. 20)
Na verdade, trabalho, etimologicamente, vem do latim na palavra labor. O vocábulo tripalium apareceu como uma forma vulgar do latim, a partir da idéia impressa de castigo. Porém, é possível substituir esta por outra idéia do mundo grego a qual eles atribuíam à palavra poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, crio a mim mesmo na medida em que crio o mundo. Podemos ver a um filho, a um jardim, a uma peça de artesanato como nossas obras. O projeto que fazemos no trabalho pode, e deveria, ser considerado nossa obra. O lado contrário desta consciência seria o que Carl Marx chamou de alienação, ou seja, todas as vezes que eu olho o que fiz côo não sendo eu ou não me pertencendo, eu me alieno. Fico alheio. Portanto, eu não tenho reconhecimento. (Cortella, 2008, pág. 21) Esse é um dos traumas do trabalho que percebemos nas empresas em geral no mundo atual.
É preciso reconhecer-se e ser reconhecido através daquilo que você faz, ou sua vida, sua identidade e seus sonhos não serão seus, não identificarão você como pessoa. E, neste sentido, a idéia, o sentimento, a percepção de fracasso é iminente a suas tarefas cotidianas.
Se considerarmos a política de qualidade que a maioria das empresas conscientes buscam hoje, deveremos pensar em exercer, igualmente, uma ação que não seja alienada e sim comprometida. “Trabalhar cansa, mas não necessariamente precisa gerar estresse. Isso tem a ver com resultado, trabalho tem sempre a ver com resultado.” (Cortella, 2008, pág. 21)
A idéia principal desta reflexão tem relação com uma palavra: OBRA. E, para que cada um de nós faça sua obra é necessário estar comprometido com o que faz. E para estar comprometido com o que se realiza, é necessário estar em constante formação, não apenas de técnicas, mas principalmente de idéias e atitudes.
Estas afirmações tem relação com uma verdade: “reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança.” (Cortella, 2008, pág. 28) Afirma este filósofo que a melhor coisa que qualquer um de nós tem a fazer, quando quer mostrar-se inteligente, é saber que não sabe. E o que isto significa? Que somente as pessoas que arriscam a aprender constantemente estão capacitadas a evoluir. Não confundir aqui as que se arriscam com negligência, desatenção e descuido, mas sim aquelas que procuram fazer para descobrir, mesmo que com isto precisem errar. Pois “o fracasso não acontece quando se erra, mas quando se desiste face ao erro.” (Cortella, 2008, pág. 29)
O que se atribui à formação continuada hoje é fruto de uma possibilidade de “dar vida” às ações, às competências, às habilidades, ao perfil das pessoas. Também se destaca a formação da sensibilidade, um ponto central atualmente no mundo do trabalho, que pode ser desenvolvida através de atividades que envolvam a sensibilidade estética no campo da música, da poesia, das artes plásticas, visando que as pessoas que atuam nas empresas tenham grande prazer pela estrutura de conhecimento em seus múltiplos níveis. Isto garante que a formação humana seja mais global, ou holística como se afirma nas tecnologias de gestão de pessoas, pois somente a realização de cursos técnicos e diversas horas de treinamento não garantem que a empresa vá estar muito bem preparada. É preciso ser sensível e enxergar a aplicabilidade das coisas, ou seja, integrar conceitos para tomar atitudes mais eficientes e de excelência profissional. Hoje em dia precisamos focar nossa formação como multiespecialistas, ou seja, preciso estar sempre pronto a aprender. Preciso “aprender a aprender” (John Dewey).

Nosso conhecimento precisa ter eficiência e não apenas ser eficiente ao ser utilizado nas tarefas do dia a dia. Pense nisto! E tenha uma boa poiesis em sua vida!

Texto organizado pela psicóloga e coach Luciana Winck
(Julho/2009)