Inicio esta reflexão com esta frase pois tenho acompanhado em diversas empresas a justificativa de que a desmotivação para o trabalho encontra fundamento na falta de atitude de uns em detrimento do esforço contínuo de outros. Penso, porém, que uma coisa não pode estar dependente da outra, ainda que entenda que a força para o trabalho venha da percepção do espírito de equipe.
Quando se faz acompanhamento funcional em empresas, o mais comum entre as pessoas que são questionadas quanto ao seu desempenho em determinadas questões é que estão tristes ou cansadas pela atitude percebida em seus colegas menos esforçados ou que "se deitam nas cordas". Ora, como pautar uma decisão que é pessoal, pois vem de escolher entre ser ou não um bom profissional, assumir ou não determinados compromissos, olhando apenas para a atitude de quem está ao nosso lado?
Estas são questões difíceis de se avaliar, pois residem na formação ética que cada traz já de sua casa, de seu aprendizado em família. Quando se é criança e se assiste aos pais ou, depois, aos educadores, assumirem ou não seus papéis, aderirem ou não a regras claras do lar, da Escola ou da própria sociedade, já se está aprendendo a lidar com modelos que depois permanecem para o resto de nossas vidas como cidadãos.
Sim, eu acredito que as pessoas podem ser cidadãs de boa ou má índole conforme suas escolhas éticas. E esta palavra traz consigo a história pessoal de cada um. Pois padrões de comportamento, regras que orientem o que é viável ou não em relação a uma sociedade, estas idéias estão estabelecidas. Aderir a elas ou não é que será o resultado da aplicação ética ou antiética. Somos todos "animais políticos", o que significa ter compromisso pelo bem estar de toda uma coletividade. O prolema atual é que as pessoas sentem-se no direito de aderir a uma idéia de coletividade que está distorcida pela falha ética de algumas pessoas.
Se ao longo das gerações muitas falhas éticas foram ficando cada vez mais explícitas, erramos nós ao pensar que fazer cada um a sua parte não faz a diferença. Que engano triste para o futuro de uma sociedade que já não acredita nem na veracidade de dizeres tanto públicos quanto dentro de seus próprios locais de trabalho. Afirmo isto, porque em muitas empresas o que é dito por instâncias superiores é aceito por alguns, mas é rechaçado por outros, pelo simples fato de que as pessoas estão muito mais acostumadas a relatividade dos julgamentos do que a certeza de uma regra social indiscutível: a verdade éticas. Sim, pois quem é ético não discute uma ação que, sabe-se claramente, pode beneficiar a todos. Quem age com ética não preocupa-se justifica o fato do colega a seu lado estar sendo justo ou honesto com sua desmotivação para seguir ou não as regras colocadas. A pessoa que deseja agir com retidão, o faz por saber-se honesta, trasnparente e idônea, não importando se nem todos em seu grupo fazem o mesmo. Pois o exemplo de imagem pessoal de alguns acaba, sim, influenciando o todo. Sua colaboração para mudar a realidade da empresa está aí, fazer-se exemplo sempre, ainda que possa apontar o que não acredita ser justo no todo.
As empresas que melhor promovem seus funcionários o fazem, atualmente, não tanto pelos méritos técnicos, mas especialmente pelos méritos comportamentais. Esta é grande promoção dos tempos atuais, o funcionário considerado excelente por ser honesto, íntegro e ÉTICO.
Portanto, a próxima vez que lhe perguntarem a razão de seu desânimo ou desmotivação na empresa, pensa antes de responder que o motivo são os colegas que não trabalham tanto quanto você. Talvez você não esteja dando atenção ao seu perfil de colaborador ético... ou não esteja percebendo que só faz parte de sua motivação as escolhas que você mesmo pode fazer!
Boa semana!